sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

#191 O CAMINHO PARA CASA


Aos poucos o caminho vai sendo feito, as malas fechadas e a bagagem arrumada. 

Mas qual bagagem? 

Desconfio que não levo nada comigo... a mala que insiste em não querer ser feita, revela a imensidão do vazio, que é presumivelmente mais forte.

Os segundos que o tempo devora avidamente, misturam-se por entre as memórias (aconteceu mesmo?) que teimo em guardar, mas que delicada e suavemente me escorrem, pelas mãos fora. Continuo firme e espero... Mas não acontece: NADA

Contemplo a paisagem que de exótica e imberbe, se revela banal e gasta. Esfrego os olhos para tentar ver de novo o que se esfuma. Cheira a bafio... mas o incenso era tão belo e brilhava tão bem!

As lágrimas de sangue caem a meus pés e resvalam na areia que o sol rapidamente seca, passado segundos... mas que eu ainda contemplo vermelha - fenómeno ocular?

Espero todavia, pacientemente, que surja o sinal esperado. Que as estrelas se revelem, que as nuvens se afastem e que no lugar do temporal, apareça rapidamente o imponente arco-íris de belas cores, que me dá alento e esperança.

Claro que não há dia de chuva que não tenha, ainda assim, o seu sol... Pois também a mim, tem ele enfim, surgido. Umas vezes tímido, outras mais reluzente.


PROFUNDAMENTE GRATO!


Ainda assim... a tempestade forte instalou-se, com todas as suas forças e troveja violentamente.

Há muito que não me metem medo esses vendavais, mas confesso que a força, desta vez impressiona...

Faz-me pensar se somos nós que enfraquecemos, se simplesmente nos esquecemos do quanto somos fortes, ou se afinal o adversário é verdadeiramente mais capaz desta vez... É incrível e assustadoramente forte, como só a força da Natureza o é. 

Compreendo. Os extremos tocam-se... claro que tenho medo.

Mas no fim, sairei vencedor! Como sempre e porque não há intempérie que não tenha o seu fim, apesar das penosas marcas... sei disso.

E porque a Luz que me acompanha, (de dentro para fora), se reafirmará, rejubilará e resplandecerá... Porque se alimenta de MIM e lhe dou matéria viva de pura alma e múltiplas cores. Porque lhe dou inúmeros sorrisos para que se alimente, boas acções para que se instale e compaixão plena (ainda que nem sempre fácil) para que irradie e se misture no todo.

Tenho pena... mas não sei quem a verá comigo, nesse espectáculo tão maravilhoso de se ver.

Presumo que: 



observará comigo tão ímpar cenário, apenas quem tiver lutado, ficado e sobrevivido. Nem que seja a minha solitária imagem reflectida no espelho, que tenho desde tempos imemoriais: por fiel companhia.




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